domingo, 20 de outubro de 2019

A CATEDRAL NOSSO SENHOR DO BONFIM EM GRAJAÚ (Parte 2)


1.      O lançamento da primeira pedra

No ano de 1938, decorriam as bodas de pratas de ordenação sacerdotal de Dom Emiliano Lonati, e foi lançada a ideia de fazer coincidir esta data com o assentamento da primeira pedra da catedral. Isso ocorreu aos 07 de dezembro de 1938 e foi um dia memorável que marcou a vida da cidade.

Dom Emiliano Lonati

Os jornais da capital registraram o fato descrevendo com riqueza de detalhes e acontecimentos. Eis a redação de “O Maranhão”, em uma edição de 17 de janeiro de 1939:
“As festas comemorativas do jubileu sacerdotal de Sua Excelência reverendíssima Dom Emiliano Lonati, bispo da Prelazia de Grajaú, fizeram convergir para esta cidade eminentes figuras da missão capuchinha do norte do país; o próprio Arcebispo metropolitano, sua Excia Ver. Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos, veio até aqui participar das homenagens tributadas ao virtuoso prelado. O Dr. Interventor federal, que na mesma ocasião percorria o sul do Estado, visitando municípios, ao chegar em Porto Franco, destacou o mais ilustre membro de sua comitiva, o chefe de policia Coronel José Faustino para vir representar o governo maranhense, nos festejos que aqui se realizaram. As cidades vizinhas enviaram-nos caravanas, notadamente Barra do Corda que se fez representar por elementos de sua culta sociedade, pela orquestra infantil a “Banda de São Francisco”, por uma embaixada esportiva e a ‘Sociedade de São Vicente de Paulo’”.
A população local ainda não assistia a solenidade de tamanho vulto e importância, que tiveram também a presença de grande número, de absoluta ordem do primeiro ao ultimo dia das festas.
A incomputável massa popular presente a todos os ofícios religiosos portou-se com máxima contrição, demonstrando ter a verdadeira compreensão do espírito da fé cristã.
Um dos participantes da romaria dos vicentinos vinda de Barra do Corda, o senhor Lourival Pacheco recorda esta proeza: “Para a inauguração da pedra fundamental da Catedral de Grajaú, vim numa romaria organizada pelos vicentinos. Tinha então quinze anos.
Viemos pelo Caeté, Arranca, Sibéria, saindo aqui, pelo Remanso. Vínhamos caminhando. Todos uniformizados, camiza azul claro, com chapéu de palha. Onde chegávamos, cantávamos as ladainhas e rezávamos o terço. A nossa chegada foi deslumbrante; houve recepção calorosa. Havia uma certa proeza em vir a pé. Como vinham uns vicentinos idosos, traziam animais, mas iam a pé, por ordem estabelecida; eu, sendo jovem, e não sujeito as leis, vez ou outra montava.
Paralela a nossa viagem, veio a Banda São Francisco, dirigida pelo saudoso mestre Moisés da Providência Araújo, que se fazia acompanhar pelo superior Frei Adriano de Zânica”.
O ilustre Dr. Antenor Bógea assim descreve os faustosos dias ocorridos em Grajaú: “Apraz-me recordar... as festividades de Bodas de prata... havidas em Grajaú em 1938, da ordenação sacerdotal do Bispo daquela prelazia, Dom Emiliano Lonati: é-me grato recordar aquelas festividades de que fui testemunha ocular. Mas do que isso; de que participei em todas as manifestações durante uma semana. Assisti a ela como presidente da comissão encarregada das comemorações, eleito que fora por inesperada aclamação popular.
Pude auferir o quanto era estimado aquele saudoso prelado pela população local e das cidades vizinhas. Delegações destas concorreram para o êxito das solenidades, em meio a ruidosas manifestações de afeto e aplauso a Dom Emiliano.”
Grajaú transformou-se num vibrante centro de júbilo e fervor religioso. Todos os particulares da festa foram transmitidos fielmente pelo cronista e vigário da Paróquia, Frei Cesário Minali.
“Dom Carlos e Dom Emiliano benzem a primeira pedra da futura catedral. O lugar preparado com esmero oferece uma linda vista. Assistência numerosíssima. Acabada a benção litúrgica, artístico pergaminho, assinado pelas autoridades, foi encerrado numa pedra”.
Antes da missa de Dom Emiliano, Dom Carlos assomou a tribuna e proferiu magistral discurso, explicando a belíssima significação da cerimônia, convidando o povo a amar a sua igreja, a cooperar para que, em breve, Grajaú, sede da Prelazia, possua a sua catedral.

Discurso de Dom Carlos Carmelo Vasconcelos, então Arcebispo de São Luís do Maranhão. (Grajaú, 07.12.1938)

Dom Carlos Carmelo Vasconcelos, vigésimo quarto bispo do Maranhão e segundo arcebispo; depois foi transferido para São Paulo, onde tornou-se o seu 15º bispo, 3º Arcebispo e primeiro Cardeal. Depois, foi nomeado o primeiro Arcebispo de Aparecida do Norte, sendo o cura do maior santuário mariano do Mundo.

 

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