1.
O
lançamento da primeira pedra
No ano de 1938,
decorriam as bodas de pratas de ordenação sacerdotal de Dom Emiliano Lonati, e
foi lançada a ideia de fazer coincidir esta data com o assentamento da primeira
pedra da catedral. Isso ocorreu aos 07 de dezembro de 1938 e foi um dia
memorável que marcou a vida da cidade.
Dom Emiliano Lonati |
Os jornais da
capital registraram o fato descrevendo com riqueza de detalhes e
acontecimentos. Eis a redação de “O Maranhão”, em uma edição de 17 de janeiro
de 1939:
“As festas
comemorativas do jubileu sacerdotal de Sua Excelência reverendíssima Dom
Emiliano Lonati, bispo da Prelazia de Grajaú, fizeram convergir para esta
cidade eminentes figuras da missão capuchinha do norte do país; o próprio
Arcebispo metropolitano, sua Excia Ver. Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos, veio
até aqui participar das homenagens tributadas ao virtuoso prelado. O Dr.
Interventor federal, que na mesma ocasião percorria o sul do Estado, visitando
municípios, ao chegar em Porto Franco, destacou o mais ilustre membro de sua
comitiva, o chefe de policia Coronel José Faustino para vir representar o
governo maranhense, nos festejos que aqui se realizaram. As cidades vizinhas
enviaram-nos caravanas, notadamente Barra do Corda que se fez representar por
elementos de sua culta sociedade, pela orquestra infantil a “Banda de São
Francisco”, por uma embaixada esportiva e a ‘Sociedade de São Vicente de
Paulo’”.
A população
local ainda não assistia a solenidade de tamanho vulto e importância, que
tiveram também a presença de grande número, de absoluta ordem do primeiro ao
ultimo dia das festas.
A incomputável
massa popular presente a todos os ofícios religiosos portou-se com máxima
contrição, demonstrando ter a verdadeira compreensão do espírito da fé cristã.
Um dos
participantes da romaria dos vicentinos vinda de Barra do Corda, o senhor
Lourival Pacheco recorda esta proeza: “Para a inauguração da pedra fundamental
da Catedral de Grajaú, vim numa romaria organizada pelos vicentinos. Tinha
então quinze anos.
Viemos pelo
Caeté, Arranca, Sibéria, saindo aqui, pelo Remanso. Vínhamos caminhando. Todos
uniformizados, camiza azul claro, com chapéu de palha. Onde chegávamos,
cantávamos as ladainhas e rezávamos o terço. A nossa chegada foi deslumbrante;
houve recepção calorosa. Havia uma certa proeza em vir a pé. Como vinham uns
vicentinos idosos, traziam animais, mas iam a pé, por ordem estabelecida; eu,
sendo jovem, e não sujeito as leis, vez ou outra montava.
Paralela a
nossa viagem, veio a Banda São Francisco, dirigida pelo saudoso mestre Moisés
da Providência Araújo, que se fazia acompanhar pelo superior Frei Adriano de
Zânica”.
O ilustre Dr.
Antenor Bógea assim descreve os faustosos dias ocorridos em Grajaú: “Apraz-me
recordar... as festividades de Bodas de prata... havidas em Grajaú em 1938, da
ordenação sacerdotal do Bispo daquela prelazia, Dom Emiliano Lonati: é-me grato
recordar aquelas festividades de que fui testemunha ocular. Mas do que isso; de
que participei em todas as manifestações durante uma semana. Assisti a ela como
presidente da comissão encarregada das comemorações, eleito que fora por
inesperada aclamação popular.
Pude auferir o
quanto era estimado aquele saudoso prelado pela população local e das cidades
vizinhas. Delegações destas concorreram para o êxito das solenidades, em meio a
ruidosas manifestações de afeto e aplauso a Dom Emiliano.”
Grajaú transformou-se
num vibrante centro de júbilo e fervor religioso. Todos os particulares da
festa foram transmitidos fielmente pelo cronista e vigário da Paróquia, Frei
Cesário Minali.
“Dom Carlos e
Dom Emiliano benzem a primeira pedra da futura catedral. O lugar preparado com
esmero oferece uma linda vista. Assistência numerosíssima. Acabada a benção litúrgica,
artístico pergaminho, assinado pelas autoridades, foi encerrado numa pedra”.
Antes da missa
de Dom Emiliano, Dom Carlos assomou a tribuna e proferiu magistral discurso,
explicando a belíssima significação da cerimônia, convidando o povo a amar a
sua igreja, a cooperar para que, em breve, Grajaú, sede da Prelazia, possua a
sua catedral.
Discurso de Dom Carlos Carmelo Vasconcelos, então Arcebispo de São Luís do Maranhão. (Grajaú, 07.12.1938) |
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