1.
“Um
dos mais belos templos do Maranhão!”
Assim foi
definida a Catedral de Grajaú pelo abalizado historiador da missão lombarda,
frei Metódio de Nembro: “A Catedral de Grajaú é, sem dúvida, um dos mais belos
templos do Maranhão e, talvez do Brasil!”
Na mente de Dom
Emiliano, a catedral devia ser bastante simples, condizente à realidade de uma
pequena cidade do sertão. Sucessivamente, devido à persistência dos outros
frades que previam o desenvolvimento da cidade e constatando o sucesso das
construções de frei Francisco de Chiaravalle em Imperatriz, onde tinha
levantado belíssima igreja em honra de Santa Tereza, surgiu a idéia de uma
catedral mais imponente.
Vista atual da cidade de Grajaú e a sua Catedral. |
Em maio de
1938, Frei Francisco de Chiaravalle foi à Itália para as férias, acompanhando
Dom Emiliano e lá encontrou todo o apoio por parte dos confrades, amigos e
benfeitores. Assim nasceu o projeto da atual igreja.
Frei Francisco de Chiaravalle (em pé) |
O dedicado e
talentoso arquiteto milanês Caetano Ciucarelli Colvanni dividia o seu tempo
entre seu estudo em Via Sardenha e o convento dos Capuchinhos de Viale Piave,
onde se hospedava Frei Francisco; lá estudavam o projeto no conjunto e seus
detalhes, para realizar esta façanha no longínquo Maranhão.
Segue-se a
descrição da catedral:
A catedral é de
três naves em forma de cruz latina. 46 metros desde o átrio à abside do Coro. O
corpo da igreja mede 19 metros, sendo nove reservados à nave central e cinco
para cada nave lateral.
A catedral
possui 16 metros de altura, enquanto a torre passa dos 35 metros. Cinco
poderosas pilastras de cada lado, enquanto formam a nave, servem para dividir
em cinco setores cada uma das naves laterais. Nestes setores, encontram-se o
batistério, quatro altares laterais e os confessionários. Cinco portas dão
acesso ao templo sagrado: três na fachada principal e duas nos lados do
transepto. O estilo lombardo teve de se adaptar ao clima e ao sol tropical, que
sugeriram ao arquiteto umas modificações do estilo genuíno. Unindo aos cânones
do estilo clássico e as necessidades impostas pelo ambiente local, o resultado
foi uma obra de arte admirável.
“A semelhança
dos confrades que trabalharam ou trabalham em outras zonas do Brasil, os
missionários capuchinhos lombardos trouxeram ao campo que lhes foi confiado uma
variedade de formas arquitetônicas que merecem ser sublinhadas. Inspirando-se
fundamentalmente no estilo lombardo, que floresceu na Alta Itália durante os
séculos XIV e XV, souberam, porém enxertar-lhes outros elementos, de forma que
obtiveram expressões arquitetônicas que, embora remontem aos estilos clássicos
não deixam de oferecer uma variedade e atualização próprias, mesmo sob o ponto
de vista artístico. Assim, a catedral de Grajaú, em românico, expresso numa
concepção moderna com arrojada inovação da imponente torre frontal, em gótico
atenuado, pela presença de elementos românicos, o palácio do Sr. Bispo.
Levemente modificado o estilo da catedral foi decalcado sobre o de outra igreja
do bom Jesus da Lapa, tendo o merecimento de se apresentar com graça e harmonia
especiais, que recordam elementos, não isentos de sadio modernismo de forma”.
Digno de nota,
na torre, é a decoração com figuras geométricas, mas conduzida com gosto, tanto
nas cores como nas técnicas, e o piso mosaicado.
Caetano
Ciucarelli Colvanni, enviando por meio de Frei Francisco, o projeto definitivo
da catedral, escrevia a Dom Emiliano:
“Excelência,
Por meio de
Frei Francisco apresento-lhe meus votos. Queria lembrar-se de mim a Deus, para
que pré proteja, conforte e ajude. Espero que se agrade da nova fachada. Ora
aguardo a sua segunda volta a Itália para o novo ano. Qualquer coisa de que
precisar contribuirei com a minha obra modesta para aquilo que o Senhor e seus
missionários irão fazer para o engrandecimento e exaltação da fé e do bom nome
da Itália. Eng. Caetano Ciucarelli Colvanni, Milão, Outubro de 1938”.
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