quinta-feira, 2 de março de 2017

OS PRIMÓRDIOS DA MISSÃO CAPUCHINHA NO MARANHÃO

A história da Missão dos Capuchinhos no atual território que compreende os estados do Maranhão, Pará e Amapá é ampla; não se pode falar de nossa história quando não se compreende o quanto de doação e amor à missão de levar o nome de Jesus os primeiros confrades tomaram consigo. A atividade missionária dos capuchinhos no território da “Missão do Norte do Brasil” entrou em perfeita consonância com o decreto Ad Gentes, do Concílio Ecumênico Vaticano II: “Ao Exercício desta atividade (missionária) são impelidos sem cessar os membros da igreja, pela caridade com que amam a Deus e com que desejam comunicar a todos os homens os bens espirituais tanto da vida presente como da futura. Finalmente, por esta atividade missionária, Deus é plenamente glorificado, enquanto os homens por ela recebem, plena e conscientemente a obra de salvação que ele em Cristo levou a cabo” (N. 7)
É com este espírito que este ensaio apresenta um pouco da história da atividade missionária dos frades capuchinhos no Maranhão, que teve seus inícios através de uma série de fatores que contribuíram para o seu bem desenvolvimento.
No ano de 1885, o então ministro geral dos Capuchinhos Frei Bernardo de Andermatt organizara, junto ao conselho geral da Ordem e a Sagrada congregação de Propaganda Fidei o chamado “Estatuto das Missões Capuchinhas”, que organizou como seria a atividade missionária dos frades nas diversas partes do mundo, bem como a sua atuação junto às igrejas locais e a colaboração com o clero diocesano. Assim, a então Procuradoria Geral das Missões da Ordem foi substituída pelas províncias. Deste modo, cada missão assumiu um contexto e forma própria de evangelizar, de acordo com determinada metodologia a ser adotada. Naquele período, cada província deveria assumir uma missão, responsabilizando-se pelos meios de manutenção e pessoal.
O Brasil, que naquela época vivia um momento de transição política, da monarquia à república, estava necessitando de metas para sistematizar a educação no país. Por isso, o então ministro de estado Barão de Lucena, em nome do governo brasileiro, convidou a Santa Sé para uma colaboração na região amazônica. A Sé Apostólica requisitou à Ordem dos Capuchinhos tal pedido, de modo que a Cúria Geral pediu à província Capuchinha de São Carlos Borromeu da Lombardia que assumisse a dita missão. Era o ano de 1891.
O Provincial da lombardia frei José de Rovetta logo organizou o primeiro contingente de missionários que deveriam ir ao Brasil. Tendo feito as devidas preparações com cursos de introdução a língua e costumes locais, o grupo de missionários desembarcou em Recife-PE no dia 24 de Abril de 1892.
Assim, os capuchinhos lombardos no Brasil tinham dois objetivos: a responsabilidade com a colaboração com os co-irmãos da província das Marcas na Prefeitura Apostólica de Pernambuco; o compromisso com a abertura de uma missão indígena na Amazônia. Os primeiros frades foram recebidos por Frei Caetano de Messina, que, logo os encaminhou a uma colônia próxima a capital, chamada de Santa Isabel. Depois de algumas tentativas de missão no Pernambuco e outros estados, os frades chegaram ao Maranhão, encabeçados por Frei Carlos de San Martino Olearo, que direcionou os planos de uma missão capuchinha entre os índios, em contraposição as orientações do prefeito Frei Caetano, que queria que os frades dispensassem suas atividades entre os cristãos que frequentavam a Igreja da Penha no Recife.
Os frades, convidados então pelo bispo de São Luís Dom Antonio Candido de Alvarenga, chegaram a São Luís, no dia 09 de novembro de 1893, hospedando-se primeiramente na Igreja de São João Batista. Frei Carlos, que outrora havia chegado à cidade no dia 16 de agosto, estava hospedado no Convento de Santo Antonio, onde funcionava o seminário da diocese; ali ele ensinava teologia aos seminaristas. Entre os trâmites legais da missão e algumas desobrigas ou outras atividades de assistência religiosa, o chamado fundador e Pai da Missão Capuchinha foi adaptando-se a realidade do Maranhão. O bispo se mostrou satisfeitíssimo com a presença dos frades em sua diocese, que na época também abrangia o território do estado do Piauí.


 Alguns frades missionários do inicio do século XX.




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