Com a chegada
dos capuchinhos no convento do Carmo em 1894, surgiu a necessidade imediata de
reparar o templo sagrado, bem como o seu coro e o convento para habitação dos
frades. No livro de Tombo do Convento do Carmo, datado de 1906, encontra a
descrição do cronista: “Após tantos trabalhos feitos para a reforma do templo,
restava somente o altar-mor que, por mais que fosse lavado e limpo, doirado,
estava sempre a exigir uma reforma radical”.1 Segundo frei Rogério
Beltrami, no seu livro Acordando palavras
dormidas, há a percepção de que nos frades há a vontade de conservar o que
poderia ser conservado, pelas expressões “limpo e doirado”. Porém, dadas às
condições da velha igreja e os rumos que a Missão dos Capuchinhos no Maranhão
tomava, começou-se então a “se pensar em
um altar monumental, digno de uma Basílica...”2
Assim, os
frades começaram a organizar, em meio à sociedade ludovicence e os assíduos
féis frequentadores do Carmo, a colaboração para a construção do monumental
altar-mor da Igreja do Carmo. O então superior regular frei Estevão Maria de
Sexto San Giovanni recebeu, em carta datada de 28 de agosto de 1906, a benção
apostólica concedida pelo Papa Pio X, a todos quantos colaborassem na ereção do
altar de Nossa Senhora do Carmo.
Ainda segundo
frei Rogério, o cronista do livro de tombo informa que “o altar de mármore foi
construído por uma firma de Genova, sobre o esboço do engenheiro Viveiros de
Castro, modificado e reduzido devido as proporções artísticas, pelos técnicos
da firma, chegou ao Maranhão em quase perfeito estado [...] a Alfândega federal
dispensou as pesadas taxas, por considerar o altar uma “pura obra de arte”.3
Foram precisos
três anos, desde 1906, para angariar recursos e donativos para a compra do
altar. Assim, no dia 23 de maio de 1909, os frades, na presença do Bispo Dom
Francisco de Paula, o governador em exercício Mariano Martins Lisboa (que na
época era presidente do congresso legislativo), e demais autoridades civis,
militares e eclesiásticas, por volta das 15h, em uma igreja do Carmo repleta de
fiéis das mais variadas camadas sociais da capital maranhense, testemunharam o
assentamento da primeira pedra. Desta data em diante, seguiram-se os trabalhos
de ereção do altar-mor, chefiados por Frei Lucas de San Salvatore, que segundo
o Tombo de 1910, “fez com paciência e esforço durante um ano a composição e a
montagem das várias partes e das diversas peças de mármore, com aquele delicado
instinto que lhe era próprio”. Depois de praticamente um ano de trabalho, eis
que o altar estava finalmente idealizado e terminado. O superior Frei Estevão
elaborou o cronograma de eventos para a inauguração, em uma carta de 13 de
março de 1910, tendo sido aprovado pelo Bispo no dia 18 do mesmo mês.
Entre os dias
10 e 11 de abril de 1910, aconteceram as solenidades de inauguração e benção do
novo altar-mor da Igreja do Carmo, sendo oficiado pelo Bispo do Maranhão Dom
Francisco de Paula e Silva, na presença de toda a fraternidade capuchinha,
diversos clérigos e povo de Deus exultante. Na pedra do Altar foram colocadas
as relíquias dos mártires São Januário, São Felix, São Xisto e Santa Agueda;
também foi depositada a relíquia de São Desidério. No dia 11, o bispo celebrou
a Missa pela primeira vez sobre a pedra do novo altar. Depois, proferiu um
eloquente discurso, que o cronista diz ter sido “arrebatador, empolgante e
fascinante...”4
Deste então, o
altar-mor foi usado para as celebrações das missas na Igreja do Carmo,
celebradas normalmente pelo superior maior (Superiores regulares e depois os
custódios), bem como pelo superior local (Guardião do Convento do Carmo) ou
outros frades de passagem por São Luís. Não se pode esquecer os Bispos e
Núncios Apostólicos que celebraram neste altar, bem como outras personalidades
históricas do Clero do Maranhão. Na década de 70, durante a guardiania de Frei Ângelo Olginati, foi instalado o novo altar-mesa, conforme as orientações litúrgicas do Concilio
Vaticano II, porém, sem alterar em nada da arquitetura do Altar-mor.
REFERENCIAS:
1 Arquivo da Província Nossa Senhora do Carmo. Livro de Tombo do
Convento do Carmo ano 1906. Vol. 1, fl. 34. p 08.
2 BELTRAMI, Frei
Rogério. Acordando palavras dormidas.São
Luís: SIOGE, 1994. p 83.
3 Ibid, p. 87.
4 Ibid, p. 91.
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