segunda-feira, 6 de março de 2017

O MAGNÍFICO ALTAR DA IGREJA DO CARMO

Com a chegada dos capuchinhos no convento do Carmo em 1894, surgiu a necessidade imediata de reparar o templo sagrado, bem como o seu coro e o convento para habitação dos frades. No livro de Tombo do Convento do Carmo, datado de 1906, encontra a descrição do cronista: “Após tantos trabalhos feitos para a reforma do templo, restava somente o altar-mor que, por mais que fosse lavado e limpo, doirado, estava sempre a exigir uma reforma radical”.1 Segundo frei Rogério Beltrami, no seu livro Acordando palavras dormidas, há a percepção de que nos frades há a vontade de conservar o que poderia ser conservado, pelas expressões “limpo e doirado”. Porém, dadas às condições da velha igreja e os rumos que a Missão dos Capuchinhos no Maranhão tomava, começou-se então a “se pensar em um altar monumental, digno de uma Basílica...”2
Assim, os frades começaram a organizar, em meio à sociedade ludovicence e os assíduos féis frequentadores do Carmo, a colaboração para a construção do monumental altar-mor da Igreja do Carmo. O então superior regular frei Estevão Maria de Sexto San Giovanni recebeu, em carta datada de 28 de agosto de 1906, a benção apostólica concedida pelo Papa Pio X, a todos quantos colaborassem na ereção do altar de Nossa Senhora do Carmo.
Ainda segundo frei Rogério, o cronista do livro de tombo informa que “o altar de mármore foi construído por uma firma de Genova, sobre o esboço do engenheiro Viveiros de Castro, modificado e reduzido devido as proporções artísticas, pelos técnicos da firma, chegou ao Maranhão em quase perfeito estado [...] a Alfândega federal dispensou as pesadas taxas, por considerar o altar uma “pura obra de arte”.3
Foram precisos três anos, desde 1906, para angariar recursos e donativos para a compra do altar. Assim, no dia 23 de maio de 1909, os frades, na presença do Bispo Dom Francisco de Paula, o governador em exercício Mariano Martins Lisboa (que na época era presidente do congresso legislativo), e demais autoridades civis, militares e eclesiásticas, por volta das 15h, em uma igreja do Carmo repleta de fiéis das mais variadas camadas sociais da capital maranhense, testemunharam o assentamento da primeira pedra. Desta data em diante, seguiram-se os trabalhos de ereção do altar-mor, chefiados por Frei Lucas de San Salvatore, que segundo o Tombo de 1910, “fez com paciência e esforço durante um ano a composição e a montagem das várias partes e das diversas peças de mármore, com aquele delicado instinto que lhe era próprio”. Depois de praticamente um ano de trabalho, eis que o altar estava finalmente idealizado e terminado. O superior Frei Estevão elaborou o cronograma de eventos para a inauguração, em uma carta de 13 de março de 1910, tendo sido aprovado pelo Bispo no dia 18 do mesmo mês.
Entre os dias 10 e 11 de abril de 1910, aconteceram as solenidades de inauguração e benção do novo altar-mor da Igreja do Carmo, sendo oficiado pelo Bispo do Maranhão Dom Francisco de Paula e Silva, na presença de toda a fraternidade capuchinha, diversos clérigos e povo de Deus exultante. Na pedra do Altar foram colocadas as relíquias dos mártires São Januário, São Felix, São Xisto e Santa Agueda; também foi depositada a relíquia de São Desidério. No dia 11, o bispo celebrou a Missa pela primeira vez sobre a pedra do novo altar. Depois, proferiu um eloquente discurso, que o cronista diz ter sido “arrebatador, empolgante e fascinante...”4

Deste então, o altar-mor foi usado para as celebrações das missas na Igreja do Carmo, celebradas normalmente pelo superior maior (Superiores regulares e depois os custódios), bem como pelo superior local (Guardião do Convento do Carmo) ou outros frades de passagem por São Luís. Não se pode esquecer os Bispos e Núncios Apostólicos que celebraram neste altar, bem como outras personalidades históricas do Clero do Maranhão. Na década de 70, durante a guardiania de Frei Ângelo Olginati, foi instalado o novo altar-mesa, conforme as orientações litúrgicas do Concilio Vaticano II, porém, sem alterar em nada da arquitetura do Altar-mor.

REFERENCIAS:
1 Arquivo da Província Nossa Senhora do Carmo. Livro de Tombo do Convento do Carmo ano 1906. Vol. 1, fl. 34. p 08.
2 BELTRAMI, Frei Rogério. Acordando palavras dormidas.São Luís: SIOGE, 1994. p 83.
3 Ibid, p. 87.

4 Ibid, p. 91.

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